1 de set. de 2012

Release - "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Release:
"III Antologia - Confraria dos Poetas"
Por Luciane Toledo
 
 É setembro e, antes que a primavera se faça em cores, a *Confraria dos Poetas, entidade que reúne amantes da poesia de todo o Brasil, presenteia o público com uma policromática edição. Sua III Antologia é fruto da reunião de 22 poetas de diversas partes do país, com diferentes estilos e estéticas, alguns com obras já publicadas, outros estreantes. Uma profusão de temas e sensações. Sob esse perfil miscigenado, a publicação, que embora seja impressão preta em 256 folhas brancas, mistura as tintas da contemporaneidade com o desejo de se expressar na paleta multiforme da cultura nacional. O resultado é uma considerável mostra da produção literária atual.
 
 Diversidade é a palavra de ordem da Antologia. Diversidade de autores, entre os quais é possível encontrar o jornalista, o estudante secundário, o rapper, o universitário, o servidor público, o professor, o filósofo, o revolucionário, o artista plástico, o blogueiro, o twiteiro. Gentes de todos os tipos. Os diferentes unidos, democraticamente, pela cumplicidade com a percepção apurada de um mundo em alta velocidade de transformação. A busca do diverso foi mesmo o norte para a seleção dos participantes da III Antologia. "A prioridade foi a diversidade de estilos e conceitos estéticos. Trabalhamos com a diversidade territorial também", atesta o presidente da Confraria dos Poetas, Éric Meireles de Andrade, também presente na III Antologia.
 
 Na obra o público vai passear entre contrastes, alternando cenários urbanos e bucólicos, sentimentos de amor e de revolta, a natureza e o artifício, a liberdade e o trabalho, o sonho e as mazelas humanas, o saudosismo e a crítica social, o clássico e o iconoclasta. Tudo no caldeirão borbulhante da potência da palavra, com as quais certamente o leitor vai se identificar.
 
 A proposta da Confraria é escancarar as gavetas da produção poética, estimulando a leitura e popularizando a prática. Segundo Éric Meireles, "mais que reunir poetas, a Confraria veio para valorizar o poeta vivo, que tem a dificuldade em editar seus livros e apresentar sua lírica". Nesse sentido, é objetivo da organização alinhar a produção literária com políticas públicas. "Nesta III Antologia, conseguimos o apoio da secretaria de Cultura de Marília, que viabilizou a participação de 10 poetas da cidade e receberá como contrapartida, quantitativo de livros para as bibliotecas das escolas municipais", explica.
 
 Iniciativas como estas, apontam para um futuro promissor.  Para além dos limites do livro, o lançamento da III Antologia ainda vai contar com uma novidade. Todo o evento será transmitido ao vivo através do blog da Confraria do Poetas (www.confrarios.blogspot.com.br). O que atesta, mais uma vez, o intercâmbio de linguagens e a sintonia dos poetas com a modernidade. E, se é da inquietude que nasce a poesia, certamente ela será sempre tão viva quanto o pulso de quem a faz.
 
Novas Propostas da Confraria
 
 Um dos grandes problemas do artista, do escritor é exatamente sair do mundo criativo para o mundo prático, quando se trata de gerir a produção cultural e torná-la acessível ao público. Neste ponto a Confraria dos Poetas se apresenta como parceira estratégica. "Hoje queremos incentivar a organização dos Poetas, através das 'Ágoras Poéticas' que pode ser uma organização poética de uma cidade, de um bairro, de uma rua, de um grupo de amigos de internet ou qualquer lugar que haja mais de três poetas se comunicando, falando e escrevendo poesias. Além das 'Ágoras Poéticas', temos alguns projetos de políticas publicas, como realizar a Capital Brasileira de Poesia, a distribuição de nossas antologias em todas as bibliotecas publicas do Brasil", aponta Éric Meireles.
 
O lançamento da III Antologia acontece no próximo dia 13 de setembro, na Casa das Rosas, Av. Paulista, 37, Bela Vista, às 19h.
III Antologia (RG EDITORES): $25,00
Mais informações: confrariadospoetas1@gmail.com
 
* A Confraria dos Poetas é uma OSCIP nacional de poetas e amantes de poesia, que nasceu em 2004, em São Paulo.  Já realizou 2 antologias nacionais - com 6 lançamentos em todo o Brasil, 3 saraus (Sarau do Genestra e o Sarau em parceria com o Cineclube da Augusta e o Café DuCélio) e um curso de Poesia Falada no Clube da Cidade Raul Tabajara, em 2005.

2 de abr. de 2012

Resenha: "O tempo não para – Viva Cazuza"

Resenha: "O tempo não para – Viva Cazuza"




“O buraco que Cazuza deixou era tão grande, tão profundo que simplesmente não podia continuar vivendo. Hoje tento preenchê-lo com meu trabalho na Sociedade Viva Cazuza. Reencontro meu filho nas mãozinhas, nas gargalhadas gostosas dessas crianças.” 


Agora voltada especificamente para a Sociedade Viva Cazuza ¹, entidade que fundou em 1990 e preside até hoje, Lucinha Araújo lança seu terceiro livro ². Ela mostra de onde surgiu a ideia e como formou da instituição que, até hoje ativa, cuida de crianças e adolescentes portadores do vírus HIV positivo.

Ela conta sobre o convite que recebeu dos doutores Luis Carlos de Brito Lyra e Carlos Alberto Morais de Sá, que atuavam no Hospital Gaffrée e atenderam Cazuza. Após a morte do filho, Lucinha é chamada para ajudar no tratamento dos pacientes aidéticos, não só com doações em dinheiro, mas também de seu trabalho.

Lucinha ajudava na compra na compra do AZT ³, mas tentava, a todo o custo, não manter contatos diretos com os pacientes. Tinha medo de reviver todo o sofrimento que sentiu durante o período em que Cazuza esteve doente.

Mas, quando ajudamos uma pessoa a manter-se viva, não é tão fácil assim fugirmos de seus agradecimentos. Não teve jeito, Lucinha, por mais que tentasse, não conseguiu ficar longe dos pacientes! Visitava-os em dias alternados, usava o dinheiro ganho com os direitos autorais de Cazuza para comprar remédios, bancar exames, pagou até a reforma do andar onde tratavam os pacientes com AIDS.

Embora fosse de grande importância, Lucinha percebeu que não era fácil manter a ajuda informal que dava ao Gaffrée e lhe foi sugerido, pela própria equipe médica do hospital, que montasse uma ONG. Organizou o show “Viva Cazuza”, para arrecadar fundos e dar início a criação da entidade. Acabou por batizar a ONG com o mesmo nome.

Logo a entidade começa a visitar várias instituições, entre elas a Casa de Apoio Brenda Lee 4, que aconselha Lucinha a não trabalhar com adultos e lhe sugere a Casa Viva 5. Lá, ela se encanta com o trabalho desenvolvido com crianças portadoras de HIV positivo e decide que é esse o rumo que ela e a Sociedade Viva Cazuza devem seguir.

Lucinha expõe dados relativos aos casos de AIDS que apareceram desde os anos 80; as medidas preventivas, absurdas, apresentadas pelos especialistas da época; as inúmeras tentativas de se encontrar a cura para o HIV; as conferências internacionais... Enfim! Ela contra sobre tudo que leu, assistiu e participou na busca pela cura do vírus que atingiu seu único filho e que, de certa forma, contribuiu para que se tornasse ativista na luta contra a AIDS.

Depois de muito esforço, Lucinha finalmente consegue um imóvel, cedido pela prefeitura, tendo que dividi-lo com outra ONG – que, devido a um desentendimento com a Viva Cazuza, foi obrigada a se retirar, deixando a casa livre para a entidade –, reformou o espaço, pintando-o de azul e amarelo (em homenagem a música de Cazuza) e começou suas atividades. Recebendo crianças e adolescentes, tratando-os, encaminhando-os à escola e tentando, em muitos casos, a reintegração familiar.

É devido a esse esforço que a Sociedade Viva Cazuza merece todo o apoio, respeito e admiração que tem recebido ao longo dos anos. Embora estejam cada vez mais escassas as contribuições, a entidade continua com suas atividades, vivendo das arrecadações obtidas através dos direitos autorais das obras de Cazuza, dos eventos que organizam, das contribuições que recebem de algumas pessoas e da venda dos livros publicados por Lucinha.


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NOTAS:

[1] Sociedade Viva Cazuza: A ONG é composta por Lucinha (presidente), Beth Carvalho (vice-presidente), João Araújo (tesoureiro), além de amigos e doutores do Gaffrée como diretores.

[2] Livros já publicados por Lucinha: Cazuza, só as mães são felizes, livro que deu origem ao filme Cazuza, o tempo não para e Cazuza, eu preciso dizer que te amo, reunindo toda obra do grande poeta rebelde.

[3] AZT: Anti-retroviral (inibi a transcriptase reversa). Foi uma das primeiras drogas aprovadas para o tratamento de infecções por HIV. Embora seu uso, atualmente, seja associado ao de outros anti-retrovirais.

[4] Brenda Lee: “Cícero Caetano Leonardo, conhecido com Brenda Lee, foi um travesti que, em 1984, acolheu em sua casa uma pessoa (soro positivo) que havia recebido alta hospitalar e não tinha para onde ir. Assim começou o trabalho de Brenda...”.

[5] Casa Viva: “Fundada em 1991, a instituição mantém duas unidades para crianças e adolescentes HIV positivo na cidade de São Paulo, e serviu de inspiração para o projeto da casa de apoio desenvolvido pela Sociedade Viva Cazuza”.

1 de abr. de 2012

Éric Meireles e Jeny Azevedo: "Monteiro Lobato, sue obra é racista?!"

Crítica ao texto de Marcelo Carneiro da Cunha: "Emília e o racismo em Lobato":

"Monteiro Lobato, sue obra é racista?!"


Por Éric Meireles de Andrade e Jeeny Azevedo.

Por melhor que seja a intenção de Marcelo Cunha, em contrapor-se a demonização e proibição às leituras das obras de Monteiro Lobato e, também, ao analisar o anacronismo, pautando uma obra escrita há tempos, com olhar traduzido apenas no presente, o jornalista incorre em dois erros: o de não suplantar o olhar multicultural e em uma apresentação um tanto deturpada de Monteiro Lobato, posto como um racista, vítima de seu período histórico.

As próprias obras do “Sítio do Pica Pau Amarelo” põem em contradição essa afirmativa, haja vista o papel protagonista de Tia Anastácia, pois de suas mãos nascem outros grandes personagens, como Emilia e Visconde. Sem contar sua sabedoria notável, oral e vívida dos descendentes dos escravos plantadores de café do Vale do Paraíba, assim como Tio Barnabé, sabedoria essa que o autor faz questão de apresentar!

Além dessa, temos também o Saci, figura mítica secular de maior expressão nacional, posto, hoje, nas barbas cruéis da censura politicamente correta. Afinal, é um menino que fuma um cachimbo, fala palavrões e é travesso, né?!

A contradição central, no texto do jornalista Marcelo Cunha, se dá ao analisar Monteiro Lobato nos limites dos olhares ideológicos do Multiculturalismo (visão cultural bipolar, importante para os países anglo-saxões, mas de pouca eficácia analítica e referencial de nosso país, notavelmente mestiço e multifacetado).

Aqui, antes de afirmar se é ou não racista, precisamos entender a mistura de brancos, índios e negros, de seus papéis de sujeitos e coparticipantes na construção de nossa identidade e história nacional. Não devemos segmentá-los! Separar Tia Anastácia, Tio Barnabé e Saci de forma estanque, além de autonomizá-los e isolá-los, dos outros personagens do livro, por serem negros, é constituir um assassinato literário à obra e ao seu autor.

Por fim, vale destacar que é preciso, ao analisar um texto literário, separar a obra de seu autor. O homem Monteiro Lobato, para nossa história, está acima de uma discussão ainda superficial sobre ser ou não racista. Indubitavelmente, ele foi um grande brasileiro, pacifista e visionário das potencialidades nacionais, vide seu olhar sobre nosso petróleo e defesa do desenvolvimento do Brasil.

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"Emília e o racismo em Lobato" foi publicado no Terra Magazine e divulgado no Portal Vermelho. Leia na íntegra: “Marcelo Carneiro da Cunha: Emília e o racismo em Lobato”:  http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=159441&id_secao=11

31 de mar. de 2012

Éric Meireles de Andrade: "A Mário de Andrade"

A Mário de Andrade

Navegar numa fonte
Que teima passar pela ponte...
Mário e as Crianças

Um ronco, um zumbido,
Constrói poesia em língua de floresta.

O barco plaina nodesconhecido
E o nome de ruas gestantes de São Paulo
É o resto de nossa língua Tupi.

Mas você olha além da floresta,
E escreve como novidade quente o asfalto e o modernismo...

São Paulo, contigo, é morada de espírito.
Cresce como floresta de cimentos descontraídos
E mulheres deselegantes que não renegam a noite.

Mas entre você há paradoxos em losangos cáqui:
Nos contos, cartas, poesias, repartição pública,
Na língua cantada e em nossa raça multicolor.

Em sua caneta de insônia febril,
Não há espaços para rimas pobres, ocas e velhas
E não se sucumbe à boca maldita de Pietro Pietra.

Em clima de serenidade arlequinal,
"Retrato de Mário de Andrade", por Anita Malfatti.
Contradições na Paulicéia desvairada
Renegadas em prefácio interessantíssimo.

Em seis dias de reclusão na fazenda encantada
Passou em liberdade de anti-herói engajado
Unificando em pena nossas línguas de florestas brasis...

Ainda que Tupis,
Jês, Nhegatus,

Portugueses,
Tamoios e Guaranis...

...(Aquiete-se meu amigo,
Não seremos engolidos pela tristeza
Somos todos Macunaíma!)...


Éric Meireles de Andrade

Jeny Azevedo: "Quimera"

Quimera

Dores, tragédias, receios
Não trazem consigo
Holofotes, pertinace, gracejos,
Bagarotes, vivace, desejos

E em tempos de loucura,
A placidez murmura
E a estupidez perdura.

De que vale provar a razão?
Se as idéias chamam a ilusão
E o galardão é o único anseio
E nem os males causam receio

Vê, minha senhora?
A alegria agora é transitória
E a paixão... ilusória!

Jeny Azevedo

Éric Meireles e Jeny Azevedo: "Marina Vermelha História"



Marina Vermelha História


Feminista, quem te chama é a cidade!
A Marilia de mulheres que traçam em luta e suor a liberdade
De céu azul anil e roxo e vermelho história
Com noites em alto-mar de estrelas e sonhos e vitórias
Protagonista de bandeiras e marcas de batom
Mulher guerreira, em ti ardem a luta e o brilho e o tom
Marina, quem te chama é a saudade!
Dos amigos e da família e da cidade...

Éric Meireles de Andrade e Jeny Azevedo




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Marina Ravazzi, foi uma antropóloga mariliense que se destacou por seu protagonista na luta pelos direitos da mulheres na Coordenadoria da Mulher, em Marília-SP, de onde se mudou em 2010 para trabalhar da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, cidade em que veio a falecer, num trágico acidente de carro, em 17/11/2011.

"O papel da Mulher é ser protagonista de sua história" (Marina Ravazzi)

Éric Meireles de Andrade: "Entre a distância e o desejo"


Entre a distância e o desejo
A Jeny Azevedo


Longe em algum porto de montanhas e papéis secos
Juro deixar minhas pegadas como pistas em seu caminho
E iluminá-lo com o brilho das minhas asas de cera
Mapear trajetos em busca de seu sorriso de fotografia-alma
E nas trilhas da sinalização de meu pensamento
Chover em lágrimas em algum lugar distante
Com o amor amarrado na Lua ou em seus olhos de âmbar...

Éric Meireles de Andrade

Flyer da "III Antologia"

ACESSE:


30 de mar. de 2012

Éric Meireles de Andrade: "Jeny Lua"


Jeny Lua


Há um mês só lhe ouço a noite
E não lhe vejo mais...
Triste fato, pois antes já não podia lhe tocar
Só ouvir sua voz, quando a barriga ronca
E quando o coração deita e se cobre...

Estamos proibidos de nos sentir
Como o Sol e a Lua
De roçar coroa com lado oculto
Apenas é permitido nos ter
Em nossa aurora e ocaso...

E tudo isso devido a um feitiço tecnológico
Eu me guio tateando em seu sorriso de canto
E você me orienta declamando seus versos
Divididos nas sílabas de meu pranto...

Éric Meireles de Andrade

29 de mar. de 2012

Cuidado, leitor, ao visitar estas páginas!


Aqui se encontram, aos montes, literatura, música, História, Política e tantas outras particularidades... Vocês entrarão num mundo publicamente íntimo, ilha inusitada e fantástica, onde nem mesmo Alice ousou imaginar... Aqui, a diversidade reina! E vivem Noel, Adoniram, Cartola e Chico, Cazuza, Raul Seixas e Renato; vivem também Pagu e Olga, Álvares de Azevedo e Mario de Andrade, Marx, Lênin e Engels, o Comunismo e o Ateísmo, A Tragédia, o Som, a Comédia e o Silêncio, a pátria dos desorganizados, porém curiosos, ansiosos e diversos.

Quase que depois das Artes esbarramos na Política...

A razão é simples. É que a unidade deste blog se funda numa pluralidade de ideias. E são as ideias - que moram nas cavernas de uma só mente - que escrevem estas páginas, verdadeiro conjunto diverso e plural.

Demais, perdoem‑me os velhos intelectuais, isto aqui é uma junção diversa, plural, sujeita à alteração, uma vez que as ideias estejam em constante (trans) formação.

Deliciem-se...

(Inspirado no Prefácio de Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos, de Álvares de Azevedo)
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