31 de mar. de 2012

Éric Meireles de Andrade: "A Mário de Andrade"

A Mário de Andrade

Navegar numa fonte
Que teima passar pela ponte...
Mário e as Crianças

Um ronco, um zumbido,
Constrói poesia em língua de floresta.

O barco plaina nodesconhecido
E o nome de ruas gestantes de São Paulo
É o resto de nossa língua Tupi.

Mas você olha além da floresta,
E escreve como novidade quente o asfalto e o modernismo...

São Paulo, contigo, é morada de espírito.
Cresce como floresta de cimentos descontraídos
E mulheres deselegantes que não renegam a noite.

Mas entre você há paradoxos em losangos cáqui:
Nos contos, cartas, poesias, repartição pública,
Na língua cantada e em nossa raça multicolor.

Em sua caneta de insônia febril,
Não há espaços para rimas pobres, ocas e velhas
E não se sucumbe à boca maldita de Pietro Pietra.

Em clima de serenidade arlequinal,
"Retrato de Mário de Andrade", por Anita Malfatti.
Contradições na Paulicéia desvairada
Renegadas em prefácio interessantíssimo.

Em seis dias de reclusão na fazenda encantada
Passou em liberdade de anti-herói engajado
Unificando em pena nossas línguas de florestas brasis...

Ainda que Tupis,
Jês, Nhegatus,

Portugueses,
Tamoios e Guaranis...

...(Aquiete-se meu amigo,
Não seremos engolidos pela tristeza
Somos todos Macunaíma!)...


Éric Meireles de Andrade
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